segunda-feira, 31 de janeiro de 2011 0 comentários

Espigões desabam impunemente

13 de agosto de 1987. Eu tava de resguardo da gravidez do meu filho mais novo, Adriano, que nascera a 20 de julho. Mas aquele 13 de agosto foi tristemente inesquecível, o dia em que desabou o edifício Raimundo Farias, engolido em plena Doca e matando 40 operários. Ninguém foi preso pelo ocorrido e o crime prescreveu. Para as viúvas, ficou apenas a dor pela perda dos maridos e sequer uma pensão.


A jornalista Ana Célia Pinheiro, dona do blog A Perereca da Vizinha, cobriu por dias seguidos a operação resgate do Raimundo Farias, em 1987. A equipe de resgate ouvia gritos de socorro vindos das profundezas, mas ninguém estava mais vivo. Lembranças gravadas a ferro e fogo na memória da pele de todos os jornalistas que fizeram a cobertura e nos que trabalharam no resgate.


Chorei quando soube do desabamento do edíficio Real Class, noutra área nobre de Belém, o bairro de Nazaré. O edifício, de 34 andares, desabou às 14 horas do sábado passado, 29 de janeiro, sendo a segunda grande tragédia da construção civil em Belém. Chorei de tristeza pela situação e de indignação por constatar que esta segunda tragédia poderia ter sido evitada com alguns provindeciais se. Se a Lei de Uso de Solo não tivesse sido liberalizada em 1998. Se houvesse fiscalização séria e pra valer na obra. Se as licenças não fossem concedidas à mnacheia e sem qualquer condicionante, enfim, se houvesse seriedade e respeito à vida.


Desde sábado, as equipes de bombeiros, polícia, Defesa Civil, voluntários trabalham sem parar, buscando coros e tentando criar um clima de alguma normalidade para que a vida retome a rotina. Sobra a dor, a insegurança, a denúncia do sindicato da categoria de que havia muitos erros na obra e na relação trabalhista.


Fico imaginando como a tragédia seria muito pior se se o desabamento tivesse acontecido num dia de semana ou mesmo após a entrega do prédio, já com moradores dentro. Graças a Deus, não foi pior do que  está sendo, com muitas famílias intranquilas, inseguras e não sabendo o que fazer e a quem recorrer. E muita gente com a dor das muitas perdas: confiança, alegria e vidas humanas. 

Como sou otimista e acredito na capacidade de luta e organização, tenho fé que esta tragédia não vire um relato jornalístico ou uma estatística. Que se consiga lutar pra fiscalizar com rigor a explosão imobiliária que caminha tão lado a lado com a ganância e o desrespeito para com a vida!


Leia mais sobre essa tragédia no blog da Perereca. E também no blog da Franssinete.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011 4 comentários

As delícias de Évora

 Paulo Roberto....
 Célia...
 Com Manuel Patrício, o Paulo Freire português (de cachecol vermelho)
A Universidade com 1559 anos...
Muralhas de Évora


Cavaco ganhou a eleição em Portugal, ontem e a Bragança portuguesa foi decisiva para a vitória. Paulo Roberto Ferreira e mais um time de paraenses viram a eleição de pertinho e acompanham a conjuntura portuguesa bem ao lado, vendo o FMI dando as cartas, a informação de corte de salários e de todo o receituário neoliberal tão conhecido de nós brasileiras.


Paulo, amigo, compa e ex-secretário de Comunicação do Governo Ana Júlia, está desde o início do mês em Évora, catando e cambiando conhecimento numa pós-graduação que vai até meados de fevereiro, na  Universidade de Évora, existente desde 1559.


Mesmo estudando muito, sobra um tempinho pra caminhar por Évora e, de vez em quando, fazer o barulhinho bem brasileiro na hora da despedida de algum amigo. Geralmente, no restaurante Almedina. 


Os 31 alunos do mestrado que estão em Évora não comem muita carne de gado. Em compensação, degustam um bom carneiro, uma boa carne de porco e  peixes como bacalhau, enchova, varapau. Pra alguns, já bate a saudade da farinha, mas os bons (e baratos) vinhos do Alentejo, ajudam a suportar as várias saudades, a ventania que vem do mar de planície e as baixas temperaturas de 3, 4 e 5 graus.  Uma ajuda é a da calefação dos prédios. 


 Andar por Évora exige muita calma na hora da preparação, do ato de se agasalhar pra enfrentar o frio. E um bom desempenho físico e equilíbrio, pois as ruas têm muitas ladeiras e são todas calçadas  por pedras e paralelepípedos.


Pelo site oeducador, os amigos e compas podem acompanham um pouco dos relatos feitos por paulo Roberto, Célia. E saber um pouco mais das delícias que é estar em Évora, como turista e estudante. Aprendiz da vida.


Daqui, meu abraço a Paulo Roberto, Célia e a todos os alunos. E um afago em Évora e sua monumental história e conhecimento. Delícia pra alma e pros olhos, com certeza. Vou esperar a chegada dos amigos. Pra marcar um dia de conversa sobre a vida em Évora, matar a saudade. Com uma boa caldeirada de filhote, saladona e farinha de Bragança, a nossa.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 0 comentários

Depende de nós fraternidade e vida no Planeta

 "A criação geme em dores de parto" (Romanos 8,22). 
 Bem a calhar a mensagem da Campanha da Fraternidade de 2011 que tem como tema "A Fraternidade e a Vida no Planeta. Chega numa hora em que, mais do que nunca, é preciso debater e ter atitudes concretas que respeitem o meio ambiente, as pessoas. Ações de Poder Público, de governantes e de indivíduos. Na direção do respeito, da convivência, do amor. 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011 0 comentários

A fila salvadora e a pechincha solidária

Minha sobrinha tava numa fila comprida pra pagar o material escolar do filhote que vai fazer o 6º ano numa escola adventista de Belém. Chuva braba lá fora, e dentro da livraria, a conversa corria solta. Ela empurrava com o pé a cestinha lotada de livro e conversava sobre preços com a vizinha da cobrinha.


Aí a vizinha disse: seu filho é do 6º ano? Não compre aqui. Na Saraiva do Boulevard, tem mais de 200 reais de desconto e ainda parcela de 10 vezes. Aqui, vai sair mais de 700 reais e só parcela de 3 vezes. Vou lhe mostrar minha pesquisa. Catou um papel no meio de uma agenda cheia de outros papéis.


Abriu a lista dela, já bem gasta, marcada e mostrando a andança nas livrarias. Tinha pelo menos 4 livrarias pesquisadas. A loja da Adventista perdia pra todas as pesquisas. Era a mais cara.


Minha sobrinha não contou conversa. Tirou da cestinha o lote de livros e pagou apenas o uniforme. Abraçou e agradeceu a salvadora irmã de fila. Da livraria adventista, saiu direto  pro shopping e foi comprar os livros parcelados em 10 vezes e 250 reais a menos.


Agradeceu muito a Deus gostar de conversar nas cobrinhas longas. E me contou esta história da solidariedade das mães que sentem o peso do orçamento em janeiro: é IPVA, IPTU, matrícula, material escolar, além das despesas normais.


Ainda bem que existem as mães pechincheiras e solidárias. É esse tipo de gente que ajuda de graça nossos irmãos que estão sofrendo nas enchentes do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e em todo o país.


Que bom que esse tipo de gente existe!
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011 2 comentários

Bom dia, Belém!

Faz 395 anos hoje a cidade mais bela e a mais amada da Amazônia, Belém, a capital do Pará. Cheia de identidade, onde se tem a melhor gastronomia do mundo. Bonita, cativante, marcante, colando o coração da gente a suas muitas histórias.

Amo Belém, perdidamente. E fico muito feliz de poder olhar, da sacada do prédio, todos os dias, a copa do belíssimo Bosque Rodrigues Alves, 5 hectares de floresta nativa preservada, bem, no coração da cidade.


Belém, minha linda e escolhida cidade, parabenzaço! Continue linda e resistindo a governos e ao tempo.
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Sem pedir a devida licença, colei post do blog de Franssinete Florenzano em que se vêem ícones desta amada Belém.


Ícones de Belém do Pará

Foto Uruá-Tapera
Arraial do Pavulagem, caldeirão cultural de Belém. 

Foto de Lucivaldo Sena
Ó órgão Cavaillé-Coll, o maior da América Latina, da Catedral  de Belém

Foto de Eunice Pinto.
Basílica de Nossa Senhora de Nazaré
Casa das 11 Janelas. Foto de Eunice Pinto.

       Theatro da Paz, captado pelas lentes de Elza Lima.


Foto David Alves
               Algumas das 39 ilhas da Região Metropolitana de Belém. 

E aqui, a mais bela homenagem a Belém, música que é a alma de Belém, cidade que respira identidade. Composição de Edyr Proença e Adalcinda Camarão. Na voz de duas cantoras paraenses.






BOM DIA, BELÉM!

Composição: Edyr Proença/Adalcinda Camarão

Há muito que aqui no meu peito
Murmuram saudades azuis do teu céu
Respingos de orvalho me acordam
Luando telhados que a chuva cantou
O que é que tens feito, que estás tão faceira
Mais jovem que os jovens irmãos que deixei
Mais sábia que toda a ciência da terra
Mais terra, mais dona, do amor que te dei

Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe
Meu sol, minha rede, meu tamba-tajá
A sesta, o sossego na tarde descalça
O sono suado do amor que se dá
E o orvalho invisível da flor se espalhando
Cantando cantigas e o vento soprando
Um novo dia vai Anunciando, mandando e
Cantando cantigas de lá

Me abraça apertado que eu vou chegando
Sem sol e sem lua, sem rio e sem mar
Coberta de neve
Levada no pranto dos rios que correm
Cantigas no ar
Onde anda meu barco de vela azulada
De foi depenada sumindo sem dó
Onde anda a saudade da infância na grama
Dos campos tranquilos do meu Marajó

Belém, minha terra, meu rio, meu chão
Meu sol de janeiro a janeiro, a suar
Me beija, me abraça que eu
Quero matar a imensa saudade
Que quer me acabar
Sem círio de virgem, sem cheiro cheiroso
Sem a chuva das duas que não pode faltar
Murmuro saudades de noite abanando
Teu leque de estrelas
Belém do Pará!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011 4 comentários

Olha nós na posse da Dilma!

Numa segunda edição, Helen Lima produziu este vídeo da militância blogueira suja na posse da Dilma. Eu tava lá! Obrigada, Helen e todo o timaço blogueiro que amou e cuidou da posse da nossa presidenta! Vídeo girando na net neste Dia de Reis, dia em que assinei a compra do meu apê! Minha Mega pessoal. Tou parece urubu do Ver-O-Peso: só folia! Já é Carnaval no meu coração.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011 0 comentários

Chuva de Iansã cobre a posse de Dilma. Exigindo coragem da gente!


















Algumas imagens da posse da Dilma, em Brasília, antes que a chuva arriasse forte, molhando a maquineta e me impedindo de clicar as caras molhadas e alegres, a alegria que patinava na grama molhada, cheia de lama e que dificultava a longa caminhada. Nada disso importava. A gente andava, cansava e continuava. Encontrava barreiras e portões fechados na Esplanada e continuava andando.Voltava por outro lado, topava com caminhantes com todas as caras do Brasil. Com capas de chuva, com bandeiras, com lenços na cabeça. Todos segurando firme a mão da esperança. Dilma presidenta, primeira mulher a presidir o Brasil, com o olhar e a sensibilidade da mulher. Algo único. Coisa que não dá pra dizer só com palavras.


E a chuva, forte, o vento frio. O povo, valente, corajoso, ali. Quando Dilma passou na Esplanada, embaixo do toró, minha máquina pifou. Depois que secou, deu pra abri e descarregar as poucas fotos que estão aqui.


A chuva forte de Brasília me fez lembrar do comício do meu eterno presidente Lula em Belém, em 1989, na Praça do Operário, pouco antes da eleição. Eu era da equipe de comunicação do Pará na campanha Lula. Eu, Paulo Roberto Ferreira, Fátima Gonçalves e mais uma penca d egente boa. Chovia aquela chuvona amazônica, toró de pingos de um dedo de grosssura. Era noite em Belém e o povo esperava na linda Praça do Operário. Com a mesma coragem e fé com que caminhava no dia 1º embaixo de chuva em Brasília. Em Belém,  o povo dançava na chuva, esperando Lula falar. Não ganhamos a eleição pra presidente em 1989, mas aquele comício, impregnado de chuva, ficará na memória da minha pele, assim como a chuva de Iansã que caiu sobre Brasília na posse da Dilma. 


Quando o sol abriu já era máquina e o bug na câmera do blackberry me impediu de mostrar mais da posse, com imagens. Só deu pra ir tuitando.


Ainda bem que aqui, tem imagens belíssimas da posse. Do povo na posse.  Graças a Deus, outros blogueiros sujos também fizeram registros belos e maravilhosos.


A luta, a  coragem e a participação do povo foram lembradas pela nossa presidenta em pelo menos presidenta dois trechos do discurso:


O Brasil do futuro será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ele hoje. Do tamanho da participação de todos e de cada um:
Dos movimentos sociais,
dos que labutam no campo,
dos profissionais liberais,
dos trabalhadores e dos pequenos empreendedores,
dos intelectuais,
dos servidores públicos,
dos empresários,
das mulheres,
dos negros, dos índios e dos jovens,
de todos aqueles que lutam para superar distintas formas de discriminação.

E também no trechinho de Guimarães Rosa:


“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.


Meu abraço carinhoso a querida Dilma e a todo o governo. E um abraço especial aos amigos Uílio, Eliane e Deo que passaram comigo o maravilhoso 1º de janeiro de 2011, na festa popular da posse da Dilma, minha companheira presidenta. Companheira que compartilha com o povo brasileiro o pão da esperança e da coragem!
 
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